Portugal não sabe os resíduos que produz


Portugal não sabe a quantas anda no capítulo dos resíduos hospitalares. Nem todas as unidades de saúde dão conta dos resíduos produzidos, ou fazem-no ano sim ano não, ou ainda apresentando valores ora em quilos, ora em litros, à vontade do freguês. Isto apesar de haver legislação estabelecendo o dever de declarar a produção.

A conclusão é da Direcção-Geral da Saúde (DGS), que, num relatório relativo a 2004 - o atraso da informatização somado às "lacunas" nas declarações não permitem o tratamento célere dos dados -, apresenta a contabilidade possível 59.329 toneladas de resíduos hospitalares, 13.162 delas classificadas como perigosas, isto é, obrigando a tratamento.

De acordo com os dados recolhidos pela Divisão de Saúde Ambiental da DGS, a região de saúde de Lisboa e Vale do Tejo é campeã, por reunir mais hospitais de maior dimensão. Sozinha, produz muito perto de metade (46,93%, ou seja 27.841 toneladas) de todos os resíduos contabilizados a nível nacional. Seguem-se o Norte (24,61%) e o Centro (22,37%). O Alentejo é responsável por 4,59% da produção, enquanto o Algarve fica-se pelo 1,51%.

Ainda em Lisboa, os hospitais centrais produzem em média 6,88 kg de resíduos não perigosos (classificados como I e II e equiparados a resíduos urbanos) por cama e por dia e quase dois kg de resíduos exigindo tratamento (grupos III e IV) . No total dos hospitais do país que declaram produções, conclui-se que os resíduos perigosos representam 21% do total. Atentando na evolução, percebe-se uma diminuição de 2002 para 2004, período em que mais entidades declararam as suas produções, embora se registem variações por regiões.

O relatório avalia ainda os métodos de eliminação de resíduos perigosos e alerta para o excesso de incineração quase 10% dos resíduos do grupo III vão para queima, quando poderiam ser sujeitos a tratamento físico (autoclavagem) ou desinfecção química. Uma opção que "pode trazer custos mais elevados". Para permitir uma melhor gestão dos resíduos hospitalares, a DGS recomenda o respeito pelo calendário de declarações de produção, a uniformização dos registos e o controlo rigoroso dos quantitativos.


sorce: Jornal de Notícias

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